9 de abril de 2010

Uso do FGTS para compra da casa própria sobe 27%

Resgate do Fundo para imóvel supera os de aposentadoria em função do aquecimento do crédito imobiliário



Os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra da casa própria registraram aumento de 27,4% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2009, segundo dados divulgados pela Caixa Econômica Federal nesta quinta-feira (8).
O crescimento foi gerado pelo aquecimento do setor de crédito imobiliário, de acordo com o banco. A alta fez os saques habitacionais superarem os de aposentadoria no total de resgates do FGTS.
Os saques para a compra da casa própria representaram 13,6% do total retirado neste ano, enquanto os de aposentadoria ficaram em 12,7%. Em 2009, as aposentadorias corresponderam a 12,2% do total contra 9,8% usados para habitação.
O maior peso dos resgates do FGTS é observado nas demissões sem justa causa, com 65% do total. Esse tipo de operação teve queda de 8,37% no primeiro trimestre deste ano na comparação com mesmo período do ano passado.
Para o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Wellington Moreira Franco, os indicadores mostram melhora da economia e na qualidade de vida dos trabalhadores.

Captação líquida bate recorde

O Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) registrou uma captação líquida recorde de R$ 3,75 bilhões no primeiro trimestre de 2010. No mesmo período do ano passado, por conta dos efeitos da crise financeira internacional, essa arrecadação líquida foi de R$ 1,482 bilhão.
Segundo o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Wellington Moreira Franco, o resultado “excepcional” do primeiro trimestre reflete uma queda nos saques de 8,11% na comparação com igual período de 2009.
Para Moreira Franco, isso é resultado do bom desempenho do mercado de trabalho. Ele disse ainda que a tendência é de que o fundo apresente um novo recorde de arrecadação líquida neste ano, podendo chegar a cifra de R$ 10 bilhões.
A arrecadação bruta no primeiro trimestre de 2010 foi de R$ 15,3 bilhões, o que representa um crescimento de 8,81% em relação ao mesmo período do ano passado. Os saques totalizaram R$ 11,5 bilhões, o que corresponde a uma queda de 8,11%. A principal modalidade de saque, que é a demissão sem justa causa, caiu 8,37% nos três primeiros meses do ano. Por outro lado, as retiradas dos recursos para compra da casa própria cresceram 27,4% devido à expansão do setor imobiliário.
Sobre o projeto de lei, que tramita no Senado, para mudar a remuneração do saldo das contas do FGTS, o vice-presidente da Caixa afirmou que, em algum momento, essa remuneração deverá ser debatida. Porém, lembrou ele, para que não provoque desequilíbrios, o debate precisa considerar todo o sistema financeiro da habitação. Ou seja, a rentabilidade da poupança e o próprio custo dos financiamentos imobiliários.
“É razoável que o crescimento do Fundo (lucratividade) também signifique melhora de rentabilidade. Mas esse é um desafio que o próximo governo terá. Como é uma questão sistêmica, não pode mexer em apenas uma parte. A remuneração do FGTS influi no custo do dinheiro. Uma mudança provoca uma ruptura no sistema”, disse. “É uma questão macroeconômica”, acrescentou.

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