5 de maio de 2010

Pessoas felizes vivem mais, revela tese de demógrafa

Para homens, alegria vem com o emprego; para mulheres, com a família



As pessoas que se consideram felizes vivem, em média, mais do que aqueles que se acham tristes. A regra vale para todas as idades e para ambos os sexos, mas o motivo da felicidade é diferente para homens e mulheres. Enquanto eles normalmente se sentem mais satisfeitos nos últimos anos da carreira, quando os salários e as atribuições do emprego são maiores, elas ficam mais felizes nos primeiros anos, quando começam a constituir a família. O desemprego é a maior aflição masculina. Já o momento em que os filhos saem de casa é o período mais triste entre as mulheres.
Estas são as principais conclusões de uma tese de mestrado apresentada no início deste mês na Universidade Federal de Minas Gerais. A autora do estudo é a demógrafa Luísa Pimenta Terra. O trabalho levou em consideração a base em dados de 1997 e de 2006, levantados pela pesquisa World Values Survey, da Universidade de Michigan, nos EUA, e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as principais constatações está o fato de que, mesmo avaliando a própria saúde como ruim e sentindo-se insatisfeitos com a vida, os brasileiros adultos – mais de 20anos – “continuam considerando-se felizes”. O estudo também revelou que os homens vivem proporcionalmente mais felizes do que as mulheres em todas as faixas etárias.
Para chegar a essa avaliação, Luísa Terra utilizou a autopercepção de felicidade, considerada atualmente como um os principais indicadores de qualidade de vida, por englobar aspectos como saúde física e mental, situação socioeconômica e de emprego e, principalmente o efeito desses aspectos na vida de cada indivíduo.
A dissertação também questiona a qualidade de indicadores sociais, que mobiliza demógrafos e cientistas sociais de todo o mundo. Até a década de 1980, a medida do Produto Interno Bruto (PIB) era considerada satisfatória para avaliar as condições dos países, mas a partir de 1990 foi substituída em certas pesquisas pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado como medida alternativa pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
“Temos uma ampla literatura e uma discussão mundial sobre o que é qualidade de vida”, diz Luísa Pimenta. Segundo ela, existem muitos estudiosos que afirmam que não se pode considerar apenas a renda média ou o IDH como indicadores seguros. “Temos muitos países pobres, por exemplo, na África, onde a população se considera mais feliz que nos países da Europa”, exemplifica.
Para a pesquisadora, tão importante quanto aspectos socioeconômicos são as características sociais dos grupos pesquisados. “É nesse sentido que os amigos, a família e o convívio social contribuem para deixar as pessoas mais felizes”, diz.
Entre os que se encaixam no grupo dos longevos e felizes estão os membros do grupo Reencontro, de terceira idade, um dos grupos do Sesc em BH. Na semana passada, ele completou 30 anos de fundação, e conta com atividades quatro vezes por semana. Ontem foi dia de aula de dança de salão.
“Hoje, a terceira idade é privilegiada. Sou feliz, danço, me divirto. Acho que, nos últimos anos, houve uma mudança radical”, disse Ruy Alves Guimarães, 82 anos, um dos alunos. Para Terezinha Bretas, colega de classe, que preferiu não contar a idade, a dança é mais um momento de descontração. “Sou viúva há 11 anos, mas sou feliz no meu dia a dia”, garante ela.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

Nenhum comentário: