28 de maio de 2010

Pais e alunos de MG pedem o adiamento do Enem


A Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg) vai entrar na Justiça com um pedido de adiamento do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), marcado para os dias 6 e 7 de novembro. O argumento é o de que a greve dos professores, que durou 48 dias, coloca os alunos em desvantagem em relação aos da rede particular e aos de escolas estaduais que não aderiram à paralisação.
A Fapaemg também vai encaminhar ao Ministério da Educação (MEC) e à Comissão de Educação do Senado, até segunda-feira (31), uma denúncia sobre o não cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), por entender que as aulas poderão não ser repostas corretamente não havendo, portanto, o cumprimento do total de dias determinados pela lei, nem o ensino correto.
“A reposição das aulas é uma balela. O professor não vai, os alunos também não. Isso reforça ainda mais a intenção da Federação de entrar na Justiça para bloquear a prova do Enem em todo o país. Com relação ao MEC, espero que, com a denúncia, ele entre em contato com o Governo de Minas e peça providências”, disse o presidente da Fapaemg, Mário de Assis.
Na quarta-feira (26), a Secretaria de Estado de Educação (SEE) enviou um ofício às Superintendências Regionais de Ensino (SRE) e direções das escolas com os parâmetros que devem ser seguidos para definição dos calendários, que serão analisados e aprovados pelas SREs.
As aulas poderão ser repostas aos sábados, nos recessos dos dias 4 de junho, 6 de setembro e 1º de novembro, na semana de 19 de julho, entre 13 e 15 de outubro, e entre 27 e 30 de dezembro. Além disso, nos 30% das aulas de sábado poderão ser realizadas atividades coletivas da escola.
“Pretendemos usar os sábados para realização de atividades pedagógicas, com caráter mais lúdico, pois, se for para dar aula normal, o aluno não vem de jeito nenhum”, diz a professora de Português do Estadual Central Sônia Cristina de Souza.
Esse tipo de aula preocupa Mário de Assis. “A própria secretaria autoriza as atividades em grupo. Aí, as escolas podem mandar os alunos jogarem peteca, por exemplo. Na hora que ele for procurar o mercado de trabalho, ele vai dizer que não sabe fazer conta, mas que sabe jogar peteca”, criticou Mário.
Segundo a assessoria de Imprensa do Governo de Minas, a preocupação da Secretaria de Educação ao distribuir o ofício foi garantir a qualidade de reposição das aulas e que foram feitas dadas várias opções para que cada escola, junto com a comunidade local, possa decidir a melhor forma de reposição.
Além dos pais, alunos, especialmente os que estão terminando o Ensino Médio, prestes a prestar vestibular, estão preocupados. “Faço o cursinho e, com essas aulas previstas para acontecer nos sábados, certamente perderei tempo. Nessa hora poderia estar estudante inglês ou outra coisa”, reclama Heloisa Helena, 18, que está no 3º ano.
A pós-doutora em Educação Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira, acredita que os alunos não perderão em qualidade já que os professores retornam as atividades mais estimulados com o acordo feito entre o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG) e o Governo.
“Ter um professor insatisfeito também não adianta porque ele pode não fazer greve, mas acaba fazendo uma revolta dentro da sala, dando uma péssima aula. Voltando vitorioso da greve ele consegue repor”, acredita a educadora. O professor de História do Estadual Central Eduardo Moraleida criticou os salários pagos à categoria. “É um absurdo um docente com ensino superior receber R$ 500 de piso”, reclama. Ele também garantiu ser possível repor os 33 dias úteis parados. “Professor é a única profissão que repõe greve”.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

Nenhum comentário: