11 de maio de 2010

Carne está até 13,52% mais cara em BH, revela pesquisa

Alta, em maio, é motivada principalmente pela entressafra dos cortes bovinos e pelo aumento das exportações pós-crise



Comprar carne em Belo Horizonte está, em média, 2,08% mais caro em maio, na comparação com abril, alta que pode ser percebida principalmente para a carne de primeira. Se o índice médio parece pequeno, para alguns cortes mais nobres, como a picanha, por exemplo, o aumento chega a 4,95%. E produtos mais populares, como a salsicha, tiveram aumento de 13,52%, de acordo com pesquisa realizada pelo Procon da Assembléia Legislativa de Minas.
A pesquisa do Procon Assembleia, que é mensal, conferiu os preços de 3 a 5 de maio em 30 açougues de todas as regiões de Belo Horizonte e um de Contagem. Entre os 31 produtos pesquisados, 23 apresentaram aumento de preços e oito apresentaram redução.
A coordenadora de pesquisa do Procon Assembleia, Margareth Cintra, avaliou que houve aumento de preço da carne durante a Semana Santa, na primeira semana de abril. “Os preços chegaram até a cair um pouco depois disso, mas voltaram a se estabilizar, continuaram altos e estão crescendo lentamente. Acreditamos que o motivo é o começo da entressafra, quando há uma queda na produção de carne”, disse.
Quanto à diferença entre os cortes, uns apresentaram altas mais significativas que outros. Margareth explica que isso foi por causa da diferença na procura. “Quanto maior a demanda por um tipo de carne, mais cara ela fica”, afirmou.
Para o coordenador de assistência técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, além da entressafra da carne bovina, motivada pela queda de qualidade nos pastos nessa época do ano, o que faz cair a velocidade de engorda do boi, há um contínuo aumento das exportações de carne bovina, por causa da recuperação dos mercados internacionais pós-crise.
“Os produtores brasileiros têm recuperado esse mercado, principalmente com a retração da participação argentina, que tem seguido uma política de fortalecimento de seu mercado interno com redução de investimentos em importações. Além disso, Estados Unidos e Austrália também tiveram suas produções de bois reduzidas nesse período. A Austrália basicamente por causa das questões climáticas e os Estados Unidos por competição da área de pecuária com a de lavoura”, explicou.
Assim, o crescimento das exportações brasileiras de carne bovina têm deixado os cortes nobres (alvos da exportação) mais caros para o mercado interno. Já quanto à carne de porco e frango, Vilela explica que o frango é mais consumido no Brasil do que a carne suína, não só pelo preço mais baixo, mas também por questões culturais. Se nas regiões Sul e Sudeste a carne de porco é bastante procurada, no Norte e Nordeste quase não tem saída.

Consumidor reclama do aumento

Alheios à qualquer análise econômica, os consumidores, diante do balcão dos açougues, reclamavam ontem à tarde dos preços praticados no centro de Belo Horizonte. A artesã Maria Aparecida Alves precisava comprar costela de porco para fazer caldo de mandioca. Aproveitou que passava pelo centro da cidade para fazer a compra, mas disse que nos açougues de bairro os preços são melhores. “Compro mais músculo e fraldinha. Carne de primeira só de vez em quando. Nosso salário quase nunca dá para comprar carne de boa qualidade”, afirmou.
A auxiliar de cozinha Dalva Rodrigues comprou mais frango do que carne, porque é mais barato. “A carne está cara”, reclamou. Já o pesquisador do IBGE, Helton Aparecido Ribeiro, não viu diferença nos preços. “O preço varia muito é entre os bairros. Nas regiões mais ricas a carne é mais cara. No Cruzeiro, por exemplo, o miolo de acém saía por R$ 12,50 e aqui no centro estou comprando por R$ 7”, comparou.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

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