29 de novembro de 2010

Venda de antibiótico mediante receita entra em vigor em BH


Farmácias e drogarias só podem vender antibióticos mediante apresentação de receita médica. A resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que regula a venda desse tipo de medicamento entrou em vigor neste domingo (28), mas profissionais e consumidores ainda têm dúvidas quanto às novas regras. Foi o que constatou o HOJE EM DIA, ao percorrer três drogarias situadas na Região Hospitalar de Belo Horizonte.
De fato, em nenhuma delas foi possível adquirir o remédio sem receita, mas os funcionários não souberam dar explicações precisas sobre os motivos da determinação. Com a venda mais rígida, a Anvisa quer evitar o uso indiscriminado de antibióticos e, assim, tentar conter o avanço dos casos de contaminação por superbactérias, como a KPC, responsável pelo recente surto de infecção hospitalar no Distrito Federal.
A nova norma exige que o cliente tenha duas vias da prescrição médica para adquirir remédios que contenham pelo menos uma das 93 substâncias antimicrobianas presentes nos antibióticos com registro no país, como a amoxicilina, a azitromicina e o benzatacil.
Uma das cópias ficará retida no estabelecimento e a outra será devolvida ao paciente, carimbada. Essa norma já vale para remédios psicotrópicos, conhecidos como de tarja preta, usados no tratamento de depressão e ansiedade. As receitas terão validade por dez dias a partir da prescrição do médico.
Os estabelecimentos terão um prazo de 180 dias para registrar as movimentações das receitas médicas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). Farmácias e drogarias que desrespeitarem a regra estão sujeitas a multa ou até interdição.
Os laboratórios também terão que mudar as embalagens e bulas dos medicamentos, que devem conter a frase: “Venda sob prescrição médica - só pode ser vendido com retenção da receita”.
Nas farmácias procuradas pelo HOJE EM DIA, não foi possível comprar antibióticos sem receita. No entanto, os profissionais não souberam dar informações consistentes sobre a nova determinação. “Nem a gente sabe direito como a regra funciona ainda”, disse um dos funcionários consultados em um estabelecimento do bairro Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte.
A aposentada Maria do Carmo Gomes Diaz tentou comprar um remédio que contém amoxicilina, mas descobriu que terá, primeiro, que procurar um médico. E reclamou da nova medida: “Conseguir uma consulta pode levar semanas. Até lá, vou ficar com dor de garganta”. A irmã dela, Rita de Cássia Gomes, concorda com as normas da Anvisa: “Todos na minha família tomam antibiótico como se fossem remédios para gripe”, contou.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 50% das prescrições de antibióticos no mundo são inadequadas. Em 2009, o comércio desse tipo de medicamento, no Brasil, movimentou cerca de R$ 1,6 bilhão. O dado é do Instituto IMS Health.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

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