4 de novembro de 2010

Maratona do Enem começa para 4,6 milhões de estudantes


Mais de 4,6 milhões de jovens de todo o país têm um compromisso em comum neste fim de semana: fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os professores definem como “maratona” o que espera os candidatos a uma vaga em diversas faculdades do Brasil, inclusive a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que adotou o exame em substituição à sua primeira etapa.
No sábado (6) e no domingo (7) serão 180 questões, divididas nos dois dias, além de uma redação dissertativa de no mínimo 180 palavras e, no máximo, 30 linhas. “Podemos comparar o Enem a uma maratona, uma verdadeira prova de resistência”, observa a professora de História de curso pré-vestibular, Lis Mendes, que há 22 anos prepara alunos para o ingresso em universidades.
A avaliação de Lis se justifica pelas dez horas de prova, divididas nos dois dias de testes. No sábado, serão 90 questões de múltipla-escolha sobre Ciências Humanas e Ciências da Natureza para serem respondidas em quatro horas e meia, de 13 às 17h30. E no domingo, último dia de prova, de 13 às 18h30, mais 90 questões para marcar o “x” e testar o conhecimento dos alunos em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, além da redação.
Sara Beatriz Miranda Lage, 17 anos, está treinando agilidade para enfrentar a prova de resistência. Ela usa um cronômetro para verificar o tempo que gasta para responder cada questão. Conta que, em média, tem levado dois minutos e meio. Para ela, esse tempo não pode ser considerado nem bom nem ruim, apenas um treino para garantir fechar a prova. “Tem muito texto e muita informação”, justifica.

“Geração Internet” tem dificuldade para escrever

A estudante integra uma geração alfabetizada, em sua maioria, com auxílio das ferramentas da Internet o que, de acordo com Lis Mendes, tem se tornando um problema para o bom desempenho nas provas.
“Quando peço para os alunos produzirem um texto, não é raro muitos estarem cheios de palavras e expressões associadas ao MSN ou outras ferramentas da Internet usadas para bate-papo”, afirma. Para a professora, o Enem testa conhecimento, mas também raciocínio lógico e o que ela chama de “compreensão de mundo”, ou seja, algo que está associado a leitura. “E muitos não estão acostumados a ler textos longos, como pede o Enem”, destaca.
Diante disso, nem todos os estudantes defendem o Enem. “É uma prova cansativa e com pouco tempo para fazer”, diz Ana Flávia Silva Souza, 17 anos, endossada por Marina Cristina Guimarães, 18 anos. Uma enquete na sala de aula onde Ana Flávia e Marina estudam dá uma mostra da “popularidade” do Enem entre os jovens. Dos 40 alunos consultados, apenas dois levantaram as mãos para defender o teste do Governo federal. “Nunca fui de decorar. Gosto de prestar atenção durante as aulas e de ler”, justifica Arthur dos Reis Belisário, 18 anos, um dos defensores do Enem.

Redação deve ser deixada para o final

Há 18 anos lecionando Português e Redação em colégios e cursinhos pré-vestibular, Márcio de Souza Andrade considera que muitos alunos confundem a linguagem formal com a coloquial. “E não é permitido, e no Enem não é diferente, escrever do jeito que falamos”, ensina. Além disso, ele enumera algumas dicas para uma boa redação, que deve ser deixada por último.
“Os candidatos do Enem devem primeiro dar uma olhada no tema para, na medida em que forem fazendo as provas de múltipla escolha, irem pensando sobre o assunto e anotando, no rascunho, as ideias relacionadas”, diz o professor.
Andrade também lembra ao candidato para não repetir palavras na redação ou fazer uso de abreviaturas. “Nesse tipo de redação é proibido também o uso da primeira pessoa e do pronome você. A regra é usar a terceira pessoa”, assegura. Além disso, nada de frases com períodos muito longos. “Seguindo essa recomendação, o aluno tem uma boa chance de fazer um texto objetivo e conciso, pré-requisito para se sair bem”, afirma o professor.
Aos candidatos do Enem, além de calma e concentração para responder perguntas “quilométricas”, para depois marcar com um “x” a resposta certa, pede-se também muita criatividade para apresentar soluções para problemas enfrentados pelo país.
A professora de Português e Redação de pré-vestibular Kelly Nunes alerta o aluno a prestar atenção aos temas atuais veiculados pela mídia.
Para ela, está aí a principal chave para abrir a porta do sucesso nas redações do Enem. Outro ponto importante para obter êxito é apresentar soluções para os temas apresentados. “Chamamos de intervenções que o candidato deve fazer, em vez de desenvolver o tema responsabilizando o Governo como único apto a resolver o problema”, diz Kelly. Ela explica o assunto com o tema relacionado à poluição do meio ambiente. “Neste caso, se o tema for esse, uma intervenção viável é a chamada carona solidária”, esclarece.
A nutricionista Ivânia Moutinho alerta os candidatos para evitarem gordura, fritura, carne vermelha e qualquer tipo de alimentação de difícil digestão. Em contrapartida, saladas, frutas e carnes brancas são as opções para quem quer estar bem disposto e sem sonolência. Chás à base de camomila e erva doce ajudam a relaxar e acalmar os nervos. Também é recomendado o chocolate, que promove saciedade e sensação de bem-estar e aumento de concentração.
O Enem foi criado em 1998, quando 137 mil estudantes fizeram as provas. Neste ano, por recomendação do Ministério da Educação, 50 universidades federais aderiram, ofertando 47 mil vagas.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

Nenhum comentário: