26 de fevereiro de 2010

'Maníaco do Industrial' pode ter cometido outros crimes

Pela lei brasileira, Marcos Antunes Trigueiro poderá ser condenado a até 150 anos de prisão, somando as penas dos delitos



Marcos Antunes Trigueiro, que segundo a Polícia Civil de Minas Gerais estuprou e matou cinco mulheres, pode ter sido responsável por outras mortes e estupros. “Não aquelas de 1999, nem as relacionadas recentemente pela imprensa, mas outras, que estamos investigando”, afirmou o delegado Édson Moreira, chefe do Departamento de Investigações (DI). O maníaco, e outros dois homens, foram presos, em 7 de maio de 2005, por envolvimento na morte de um taxista, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com o delegado responsável pelas investigações que levaram à prisão na última quarta-feira (24) do acusado dos crimes, Frederico Abelha, o inquérito não foi concluído, mas as investigações apontam que todos os cinco crimes ocorridos no Bairro Industrial tiveram as mesmas características. O maníaco se aproximava das vítimas e as rendia com uma arma de fogo. Em seguida, as levava para uma região de Ribeirão das Neves, cometia os estupros, obrigava as vítimas a se recomporem e as estrangulava em seguida. De acordo com o delegado, o assassino estudava as vítimas antes das abordagens.
A apresentação à imprensa do suspeito de ser o “Maníaco do Industrial”, no final da manhã de quarta-feira, reuniu uma multidão de repórteres e curiosos, muitos deles funcionários da própria Polícia Civil, que se acotovelaram no auditório da sede administrativa da Polícia, na Serra, para ver a cara do “serial killer”.
Desde o início da manhã, a expectativa era grande na porta do Departamento de Investigações, na Lagoinha, onde o suspeito Marcos Antunes Trigueiro passou a noite. Às 11h20, a viatura que levava o “maníaco” para a apresentação chegou à unidade da Serra, escoltada por outras quatro caminhonetes do Batalhão Rotam, todas com sirenes ligadas.
Frederico Abelha contou ainda que as investigações começaram depois que o perfil do assassino foi definido, no final do ano passado. Após determinar uma área de atuação do bandido, a polícia chegou a três suspeitos, que passaram a ser seguidos 24 horas por dia. O passo definitivo para chegar ao suspeito, no entanto, foi a autorização judicial para rastrear os telefones das vítimas. Mesmo sem o chip, os aparelhos foram localizados via satélite. Na quarta-feira, durante as buscas, quatro telefones celulares foram encontrados na casa. Nenhuma arma foi encontrada no local.
Os telefones da estudante Natália Cristina de Almeida Paiva, desaparecida em outubro de 2009, e o da contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, desaparecida em novembro, foram encontrados queimados dentro da casa, mas com os números de série intactos. O telefone de Maria Helena Aguilar, desaparecida em setembro, estava sendo utilizado pela esposa de Marcos Antunes Trigueiro, Rose Paula, de 27 anos. Um quarto telefone, que provavelmente pertencia a Ana Carolina Menezes Assunção, está sendo periciado.
Marcos Antunes Trigueiro foi preso às 7 horas da manhã de quarta-feira, em sua casa, na Rua Equador, número 51, no Bairro Cidade Industrial. A esposa do suspeito, Rose Paula, atendeu à porta e garantiu que ele não estava em casa. A polícia entrou e o encontrou escondido embaixo da cama do casal.
O suspeito foi interrogado ao longo de toda a tarde no Departamento de Investigações (D.I.) no Bairro Lagoinha. No final da tarde, a informação de que um suspeito de ser o maníaco estava sendo ouvido em um andar do prédio, isolado dos outros, vazou, e a imprensa fez plantão na porta do DI até o início da madrugada. No final da tarde, a perícia recolheu material da mucosa da boca do suspeito, e o resultado do exame, que saiu nesta manhã, confirmou as suspeitas.
De acordo com o promotor do 1º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, Francisco Santiago, só depois de terminado o inquérito o Ministério Público poderá apresentar a denúncia. O promotor evitou falar em prazos de julgamento e tempo de pena, mas disse que o processo deve ser apreciado “com celeridade”. “Ainda é muito cedo para falar de prazos e de penas, mas, se tudo correr normalmente, podemos esperar este julgamento para o final deste ano ou até fevereiro de 2011”, adiantou. Ainda de acordo com o promotor, o pedido de pena vai depender do inquérito. A lei brasileira prevê pena máxima de 30 anos de cadeia. Em caso de mais crimes, as penas são somadas. Ou seja, o suspeito poderia ser condenado a até 150 anos de prisão.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

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