8 de setembro de 2010

Trânsito pesado emperra ruas de mão dupla de BH


Moradores das regiões Leste e Centro-Sul queixam-se que não é preciso trafegar pelos grandes corredores ou pela área central para se estressar no trânsito de Belo Horizonte. Para eles, basta tirar o carro da garagem e enfrentar as ruas estreitas e de mão dupla que tumultuam a mobilidade em bairros como Anchieta, Sagrada Família e Santa Tereza. Os motoristas cobram alterações de circulação e restrição a vagas de estacionamento para facilitar a fluidez. A BHTrans confirma que estuda soluções, mas reconhece não haver mudanças imediatas.
No Anchieta, Região Centro-Sul, as reivindicações incidem sobre o fluxo no entorno da Rua Francisco Deslandes, principal via do bairro. Os moradores destacam a intensa procura imobiliária, a inauguração de um shopping no fim de 2009 e a imprudência como causas do tumulto nas ruas menores e que dão acesso às residências. Eliana Brandão põe a paciência à prova quando deixa seu prédio na Rua Samuel Pereira, esquina com Paulo Fagundes Penido. “Os automóveis estacionados bloqueiam o espaço e passa apenas um carro por vez.
Assim, o tráfego trava nos dois sentidos”, analisa a professora, que diz ser impossível dirigir nos horários de pico. Ela defende a adoção de mão única na Rua Samuel Pereira, que não comporta o volume de veículos em trânsito entre os bairros Mangabeiras e Anchieta.
O síndico do edifício em que Eliana reside, Leonardo Silva Pereira, afirma ter solicitado providências à BHTrans. Em conjunto com a Associação de Moradores do Bairro Anchieta e Cruzeiro (Amoran), Pereira elaborou um mapa propondo alternativas e enviou à empresa, detalhando onde seria interessante o sentido único e a restrição do trânsito de caminhões. “Convivemos todos os dias com pequenos acidentes e bate-bocas, ou seja, momentos tensos para, simplesmente, se chegar em casa”, avalia.
Pereira aproveita e pede a cooperação dos próprios condutores, além de cobrar fiscalização. “Sei que as famílias possuem dois, três veículos, e as garagens estão cheias. Mas estacionar em lugares inadequados só tumultua o tráfego. Nesses casos, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar e a Guarda Municipal tinham de ser rígidos”, afirma o síndico, que estende a recomendação aos visitantes do shopping no Anchieta.
A situação na Região Leste também exige atenção. Próximo ao Estádio Independência, no Bairro Sagrada Família, os carros quase se esbarram ao cruzar vias apertadas. “Pela segurança, aguardo quem vem na direção oposta e depois tomo o meu caminho. Aqui mesmo na Rua Santa Clara, qualquer erro provoca um incidente”, afirma Aneroilton Souza. O experiente motorista de fretamento acredita que a quantidade de veículos excedeu os limites suportados pelo município e a necessidade de planejamento se evidenciou.
Paulo Rogério Silva Monteiro, coordenador de Mobilidade da Agência Metropolitana, segue o discurso. Ele ressalta o crescimento de 23% da frota viária da capital em três anos – são 1,25 milhão de automóveis na cidade, um para cada dois habitantes. Na avaliação de Monteiro, somente investimentos no transporte público causariam impacto no fluxo do Centro e dos bairros. “Trocar a mão das ruas não vai resolver o problema. Essa decisão atrairia novos condutores ao percurso. As pessoas deveriam dosar o uso dos carros. E para isso, tornam-se obrigações articular a estrutura das linhas de ônibus, criar corredores exclusivos e potencializar o metrô”, argumenta.
Enquanto as medidas não se concretizam, Douglas Oliveira, cobrador da linha 9210 (Santa Tereza-Prado), lamenta ter se acostumado ao que classifica de “sustos” no Bairro Santa Tereza, Região Leste. Ao anoitecer, Oliveira revela que o movimento dos bares superlota as tradicionais ruas de dimensões reduzidas, colocando em risco a segurança dos motoristas e passageiros. “Os clientes dos botecos não respeitam os pontos dos coletivos e param os carros nas esquinas das vias de mão dupla.
Parecem pouco se importar com os moradores que retornam da jornada de trabalho e com os cidadãos que dependem do transporte público”, critica ele, lembrando também dos boêmios que insistem em guiar embriagados.

Circulação mudou em seis vias

Nos últimos 15 dias, a BHTrans alterou a circulação em seis vias de Belo Horizonte. Nas regiões Centro-Sul e Leste, apenas as ruas Ascânio Burlamarque (Mangabeiras) e Manaus (Santa Efigênia), respectivamente, começaram a operar em mão única. As demais modificações contemplaram as ruas José Furtado Nunes (Bairro Diamante) e Newton Bonifácio Costa (Bairro Tirol) – ambos no Barreiro –, além das ruas Aventino e Juno (Bairro Glória, Região Noroeste).
A gerente de Ação Regional BHTrans, Maria Odila Matos, reafirma que a empresa não programou nenhuma intervenção para os próximos meses. No entanto, adianta que, em breve, técnicos apresentarão um projeto destinado ao Bairro Sagrada Família. “Antes da reinauguração do Estádio Independência (marcada para março do ano que vem), melhoraremos o trânsito nos arredores. Só não determinamos o cronograma”, informa.
Quanto ao Anchieta, Santa Tereza e demais bairros, Maria Odila esclarece que analisará as sugestões recebidas. A coordenadora convida também os moradores a mandarem sugestões e também cobrarem soluções. “O ideal é que eles unam às associações comunitárias. Assim, o pedido ganha força”, diz.
O canal de comunicação da BHTrans é o telefone 156. Pela internet, mensagens podem ser enviadas pelo site http://www.bhtrans.pbh.gov.br/.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

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