2 de setembro de 2010

Região Metropolitana tem maior nível de ozônio do país


A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apresentou uma concentração de ozônio (O3) de 300 microgramas por metro cúbico de ar, considerada a maior do país, à frente das regiões metropolitanas de São Paulo (279 mg/m3) e Rio de Janeiro (233 mg/m3. Os dados são da pesquisa de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) – Brasil 2010, divulgada na última quarta-feira (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A concentração desse tipo de poluente na RMBH apresentou índice quase duas vezes maior do que o padrão de 160 microgramas por metro cúbico de ar estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Os dados divulgados pelo IBGE foram tabulados a partir de informações diárias da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).
O professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, Gilberto Caldeira, 51 ano, disse não saber qual a metodologia utilizada para chegar a esses parâmetros, mas, considerando que os dados informados pela Feam estejam corretos, o resultado não deixa de ser preocupante.
O professor avalia que a alta concentração de ozônio é um problema inerente a grandes cidades. O poluente é gerado na baixa atmosfera (rente ao solo) por reações fotoquímicas provocadas pela luz solar entre óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, ambos oriundos da queima de combustíveis fósseis. O crescente aumento de veículos nas grandes cidades é o maior gerador desse tipo de poluente e maior obstáculo para seu controle. “Partindo do pressuposto que os dados da pesquisa estejam corretos, o resultado traz preocupação, pois o ozônio é um dos poluentes mais agressivos. Ele atua como oxidante ativo, causando envelhecimento precoce das células, ataca as mucosas provocando doenças respiratórias e, em casos agudos, pode até interagir com o DNA humano resultando alterações genéticas”, resumiu.
Ainda conforme o professor, embora não haja confirmação científica de que o ozônio seja cancerígeno, sua ação provoca debilidade no organismo e pode favorecer o aparecimento de doenças. Caldeira explica que esse tipo de ozônio poluente nada tem a ver com a camada de ozônio, situada a cerca de 10 mil metros de altura, que atua como uma espécie de escudo do planeta contra os raios ultravioleta B oriundos do Sol.
A diretora do Departamento de Qualidade Ambiental da Feam, Zuleika Torquetti, refutou os dados apresentados pelo IBGE. Segundo ela, os dados não refletem a qualidade do ar da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela admitiu que a concentração de ozônio atingiu o pico de 300 mg/m3, mas apenas uma única vez, e ultrapassou outras 17 vezes o patamar do Conama de 160 mg/m3. Ela afirmou que a Região Metropolitana de São Paulo ultrapassou o mesmo patamar 146 vezes.

Alumínio é o mais reciclado

Segundo o indicador de sustentabilidade do IBGE, as latinhas de alumínio são o material mais reciclado do país, e o índice de reciclagem deste tipo do produto supera 90% do total produzido no Brasil há cinco anos. A proporção de material reciclado, em 2008, era de 91,5%, um porcentual considerado elevado, mesmo na comparação com outros países.
Segundo o analista da pesquisa Judicael Clevelario Junior, de uma maneira geral, o percentual de reciclagem tem crescido nos últimos anos em quase todos os materiais, mas nenhum índice de reciclagem supera o das latas de alumínio. A partir de 2004, o índice de reciclagem desse tipo de produto não mais ficou abaixo de 90%, chegando a um pico de 96,5% em 2007.
A queda do índice de reciclagem de 2008 para 2007, diz Clevelario, pode estar relacionada à oscilação do preço do material no mercado. Na prática, segundo o especialista, as oscilações no índice de reciclagem de latas de alumínio, bem como o menor interesse em reciclar outros tipos de material, são causadas pela ausência de uma política voltada para coleta seletiva. “A reciclagem do Brasil não é baseada em coleta seletiva e sim no trabalho de catadores”, explica Clevelario.
Ainda de acordo com ele, no Ministério do Meio Ambiente há alguns estudos de preços mínimos para materiais oriundas de reciclagem, com o intuito de acabar com a oscilação de preços. Há também a intenção de elaborar uma política de profissionalização de catadores de lixo.
Sobre os outros materiais recicláveis, à exceção das embalagens longa vida (cartonadas ou tetrapak), os índices de reciclagem variam em torno de 45% e 55%, todos com tendência crescente ou estável. Para as embalagens tetrapak, os valores são mais baixos (cerca de 25%), embora também crescentes.

Metade do Cerrado já foi devastado

A cobertura original do Cerrado foi reduzida praticamente à metade no país, de 2 milhões para um milhão de quilômetros quadrados. Até 2008, o total de área desmatada atingiu 986 mil quilômetros quadrados.
Somente entre 2002 e 2008, foram destruídos 85 mil quilômetros quadrados, ou 4,18% do total. De acordo com levantamento do IBGE, os Estados que apresentaram maior área desmatada no período, em termos absolutos, foram Mato Grosso (17,5 mil quilômetros quadrados) km²), Maranhão (14,8 mil) e Tocantins (12,1 mil). As taxas de desmatamento no bioma são mais altas que as apresentadas para a Floresta Amazônica, o que implica “medidas urgentes de proteção”, diz o IBGE.
Até 2002, houve tendência de aumento de áreas desmatadas do Sul e Sudeste, principalmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. Já no período de 2002 a 2008, isso ocorreu mais para o Norte e Nordeste. É primeira vez que o IBGE usa dados do Cerrado no Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS).
Quanto à Amazônia, apesar da redução do ritmo de desmatamento nos últimos cinco anos, a área total derrubada já representa 15% da floresta original. O processo acentuou-se nas últimas quatro décadas e foi concentrado nas bordas sul e leste da Amazônia Legal, o chamado Arco do Desmatamento.
Segundo o IBGE, após um período de crescimento quase contínuo da taxa de desflorestamento entre 1997 e 2004, quando atingiu um pico, os valores para 2009 indicam que a área desmatada representa um terço do que foi verificado no ano de 2004.
No período de 2007 a 2009, houve queda de 63% dos focos de queimadas e incêndios florestais no país, de 188 mil para 69 mil, seguindo a tendência de queda nas taxas de desflorestamento da Amazônia. O dado é importante porque a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera no país é a destruição da vegetação natural, com destaque para o desmatamento na Amazônia e as queimadas no Cerrado.
A atividade representa 75% das emissões brasileiras de gás carbônico, responsável por colocar o Brasil entre os dez maiores emissores de gases do efeito estufa.

Áreas de pastagens também avançam

Em 36 anos (de 1970 a 2006), o território usado para pastagens plantadas aumentou duas vezes e meia. As pastagens já existentes, chamadas naturais, caíram 53,4%, no mesmo período.plantadas indicam uma intensificação da pecuária brasileira, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.
...Fonte: "Jornal Hoje em Dia"

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